Amor

VOCÊ PODE SAIR DA BAHIA, MAS ABAHIA NÃO SAI DE VOCÊ…

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Estava vindo de Salvador para São Paulo, num vôo no início duma noite de verão. Sempre que o avião começa a taxiar, faço as minhas orações para ter um bom vôo e todos chegarmos bem aos nossos destinos. Depois disto, fico olhando pela janela, pois sempre escolho viajar nessa posição.

Naquele vôo, depois de fazer as minhas orações, fiquei, como de costume, olhando pra fora, avistando as luzes que começaram a se acender dentro do aeroporto… Há sempre um que de melancolia nestes momentos. Enquanto o avião taxiava para se alinhar na pista de decolagem, divaguei pensando na minha família, pais e irmãs, que estavam ficando na minha terra natal, no mar azul e nas praias ensolaradas, nas quais havia nadado durante todos aqueles dias, que passei ali, nas saudades, que pareciam não ser suportáveis de aguentar quando eu chegasse de volta a São Paulo… Olhei então para as outras pessoas e uma passageira com cara de gringa, sentada na primeira fila, me chamou especial atenção porque chorava bastante, tendo chamado a aeromoça e falado algo baixinho a ela em inglês.

O avião percorreu toda a parte inicial da pista, me concentrei para aqueles minutos de frio na barriga da decolagem e ele continuou a acelerar. Fechei os olhos e, ao olhar mais uma vez pela janela, vi passar todo o cenário novamente. Como assim estávamos voltando para o finger? Lentamente, o avião se aproximou do lugar de onde havia partido e logo me pus a pensar: Será que deu algum defeito, meu Deus? Por que voltou depois de estar preparado para subir?

Dei uma olhada discreta nas poltronas à minha volta e os rostos dos passageiros eram igualmente surpresos. A tal passageira da primeira fila, continuava a me chamar a atenção. Ela chamou novamente a comissária e lhe falou algo baixinho. A comissária, por sua vez, chamou um outro comissário, que se dirigiu à cabine do comandante. Silêncio e expectativa dentro do avião. À essa altura, eu já não conseguia mais disfarçar o meu interesse pelo desenrolar da história. O que será que estava acontecendo? Os comissários então voltaram e disseram à moça que ela poderia desembarcar, ao que ela prontamente atendeu com visível euforia. Pegou rapidamente as suas malas de mão, a porta dianteira foi aberta e ela desceu bastante agradecida.

O avião taxiou novamente e repetiu todo o movimento já feito antes. Confesso até que fiquei bastante intrigada e preocupada pelo fato de só aquela moça ter descido, após o avião quase ter decolado. Por via das dúvidas, também repeti todas as minhas orações pré decolagens – melhor dar um reforço, diante de fatos inusitados.

Lá pela metade do vôo, resolvi discretamente perguntar à aeromoça o que havia acontecido de fato. Aí, ela me contou a inusitada história: A tal passageira, que ia, mas não foi para São Paulo era inglesa e estava voltando da Bahia para a Inglaterra, via São Paulo, depois de um mês de férias na Terra da Felicidade. Chorava inconsolável porque havia concluído que não queria mais voltar, pois havia se apaixonado por um baiano e já estava arrependida de ter embarcado, deixando para trás a sua paixão. Num lance absolutamente cinematográfico, conseguiu convencer a tripulação e o comandante a voltar e deixá-la descer para reencontrar a felicidade, que havia descoberto em Salvador. E assim foi feito. Juro que só havia visto algo dessa dimensão num aeroporto, na cena final do filme Dio Come Ti Amo, ao qual assisti por nove vezes, na infância. Em ambos os casos, confesso, foi lindo demais!

Nunca soube nem nunca saberei o final daquela história de amor, mas sempre que estou saindo de Salvador, naquele mesmo aeroporto, me lembro daquela atitude apaixonada e me vem à mente uma frase muito baiana: “Você pode sair da Bahia, mas a Bahia não sai de você”.  Oh, Bahia aiá, Bahia, que não me sai do pensamento oi…

Ceiça Schettini

 

 

SOBRE A TRAVESSIA DAS ADVERSIDADES

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Ainda que viver seja um presente, de vez em quando, a vida nos exige mais do que a gente pensa poder suportar.
Nem sempre é tão fácil caminhar por algumas estradas, onde o terreno é escorregadio, as curvas sinuosas e mal sinalizadas. Por vezes, já cansados, achamos que não conseguiremos chegar ao final, tamanha a quantidade de dificuldades surgidas ao longo do caminho e pensamos em jogar a toalha.
Nesses momentos, entretanto, é essencial lembrar que, independente de nossa religião e das dificuldades no nosso caminho, Deus é que está no comando dessa viagem. Essa certeza vai nos ajudar a manter a confiança e calma para poder tirar das adversidades as melhores lições, enquanto vencemos os obstáculos.
Tão importante quanto a fé, é poder contar com a companhia das pessoas, que amamos, enquanto atravessamos esses momentos. Isso, com certeza, faz toda a diferença para nos lembrar, que somos felizes, apesar de tudo e que, portanto, conseguiremos chegar inteiros ao final.
Ainda que seja impossível viver uma vida inteira sem encarar diversidades, passar por elas na companhia das pessoas, que nos são verdadeiramente importantes e com fé em Deus, é definitivamente fortalecedor, pois só isso nos dá a certeza de que a chuva que, eventualmente, inunda a terra, é a mesma, que faz florescer os campos e nascer os melhores frutos.
E, só pra finalizar, se você está no meio de uma tempestade, não perca de vista que todas as tempestades têm começo, meio e fim e que o mesmo vento, que está desalinhando os seus dias e tirando algumas coisas do lugar, será aquele que vai refrescar a sua alma, nos dias melhores, que certamente virão.
Ceiça Schettini

SÓ PRA VOCÊ SABER O QUANTO É AMADA!

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Eu te amo! Sempre te amei. Mais ou menos como idéia fixa: Amo e pronto! Não quero nunca abrír mão desta idéia! Ou melhor, desta convicção.
Sei de todas as suas virtudes e dos seus vícios, como apertar os lábios ao fazer uma boa manobra no volante ou rir de canto de boca quando está sem paciência. Sei que detesta bala de hortelã, que é bagunceira, que passou a gostar de batom vermelho, que não gosta de roupa muito justa, que adora cheesecake de morango, sorvete e acarajé.
Sei também que gosta de bancar a durona, mas que por dentro, lá no fundindo, gosta mesmo é de dar e receber muito carinho.
Conheço todos os seus defeitos e manias, de trás pra frente e de frente pra trás. E ainda assim, como pode? Amo você!
Amo forte, grande, pesado, imenso, sem distâncias, sem reservas e sem fronteiras, sem nem mesmo saber onde eu termino e começa você. Amo a ponto de abraçar forte e achar que a protejo só com a força do meu abraço. Amo querendo respeitar o seu espaço e, ao mesmo tempo, invadi-lo só pra encher de amor. Um amor tão essencial e importante, que não cabe inteiro em nenhuma mensagem de whats app, nem pode sr mandado apenas por inbox. Um amor, que me faz sentir sempre metade e, ao mesmo tempo, inteira, só por ser sua mãe!
Ceiça Schettini

O TEMPO E OS AFETOS

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Dizem que o tempo se encarrega de pôr cada coisa em seu devido lugar. É assim desde que o tempo é tempo e caminha implacável do ontem rumo ao amanhã. Assim faz com tudo e, por conseguinte, com os relacionamentos, que construímos ao longo do nosso caminho.

Definitivamente, o tempo clareia a visão, esclarece dúvidas, acomoda terras, estreita laços e afrouxa nós, aconchega amigos, leva pra longe os inimigos e empalidece as lembranças dos desamigos, que passaram por nós. Digo desamigos, falando daqueles, que de tão queridos, nos pareciam amigos, mas a quem o tempo levou pra longe, sem briga ou desentendimento, sem uma ligação ou bilhete, por absoluta falta de rega do afeto, apenas os levou para o museu dos relacionamentos, onde não há vida, somente lembranças, cada vez mais distantes e impessoais…

Com o tempo, conseguimos distinguir com quem podemos contar e para que somos só número, quem nos interessa e quem se relaciona com a gente apenas por interesse qualquer, quem a gente considera e quem nos considera de verdade, quem sente a nossa falta e quem não nos faz falta alguma, quem a gente pode contar, mesmo distante e quem pode contar com a gente a qualquer tempo e hora, quem se importa com a gente de fato e quem não nos importa mais que fim levou…

Ah! O tempo… Quão precioso é prestar atenção aos sinais, que a vida nos emite no seu desenrolar! Quanto tempo a gente perde, dedicando muito do nosso precioso tempo para tratar de coisas menos importantes que regar os afetos, que nos cercam e que, às vezes, só mesmo com o tempo, a vida nos mostrará o quão isso era essencial…

Ceiça Schettini

CRIANDO UM CALENDÁRIO PARTICULAR DE ALEGRIAS

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Num mundo tão cheio de compromissos e, por conseguinte, tão carente de tempo, a maioria das pessoas declarou os finais de semana e feriados como dias para ser feliz. E, quando esses dias finalmente chegam, parece que tudo que temos planejado pra fazer simplesmente não cabe nesse tempo. Mas que tipo de calendário é esse que nos torna escravos do tempo e resume a tão poucos dias os momentos de celebrar a vida?

Uma coisa interessante pra se pensar é que o dia é absolutamente do mesmo tamanho para todos. E, ainda que, realmente, haja muito o que fazer, umas pessoas parecem aproveitar mais a vida do que outras. E, antes que se digaou mesmo pense sem falar, isso não tem nada a ver com quanto dinheiro cada uma delas tem num banco, pois, posso garantir, conheço gente que quase não tem dinheiro e aproveita intesamente cada oportunidade de celebrar a vida.

Mas se os dias são do mesmo tamanho para todos, penso que o que modifica para melhor o seu aproveitamento são as pessoas com as quais os compartilhamos. Acredito mesmo que mais importante do que preencher os dias com um sem número de atividades, emendadas insanamente umas às outras, é preciso povoá-los de pessoas queridas, que gostem de gente e, principalmente, que gostem de trocar afeto conosco.

É preciso criar um Calendário Particular de Alegrias! Feito isso, passaremos automaticamente a preencher os nossos dias com muito mais abraços, telefonemas, almoços, jantares, happy hours, risadas, idas ao cinema, passeios no parque, mensagens, visitas a maternidades, soprar de velinhas, batizados, caminhadas ao ar livre, taças levantando brindes e muitas outras recordações felizes. Cada calendário é único, pessoal e instrasferível, mas quanto mais queridos povoarem os nossos dias mais alegrias os preencherão.

E, quando esse calendário estiver em pleno funcionamento, repleto de pessoas queridas, dando mais colorido aos nossos dias, concluiremos, sabiamente, que ter um agenda lotada de compromissos pode até transmitir aos outros uma idéia de que somos bastante ocupados, mas o que vai encher a nossa vida de felicidade é o tempo, que passarmos cultivando alegrias, ao lado de quem amamos, independente do que estivermos fazendo.

Ceiça Schettini

CULTIVANDO AS FLORES MAIS QUERIDAS

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Há pessoas, que muito mais que especiais, são essenciais na nossa vida.

Com elas, aprendemos a aprimorar as nossas qualidades, a aceitar as nossas deficiências e a encarar com alegria e coragem o dia a dia. É na sua companhia que apaziguamos a alma, embalamos os sonhos, jogamos fora as mágoas e preenchemos o coração com genuíno afeto.

Muitas estradas serão percorridas em sua companhia. Passaremos juntos por caminhos sinuosos, andaremos de mãos dadas à beira de penhascos, enxugaremos o suor do rosto do outro,  saciaremos a nossa sede de viver entre uma caminhada e outra e, por fim, deitaremos lado a lado sob a sombra da árvore de nossa amizade para descansar e celebrar as nossas vitórias …

Não há um número exato de quantas pessoas desse tipo devemos ter ou  teremos durante toda a nossa existência. Assim como um grande jardim, entretanto, é a vida e, a todo tempo, poderemos cultivar relacionamentos especiais, nos seus infinitos canteiros, trazendo para perto de nós a emoção e o perfume de pessoas tão queridas, a quem carinhosamente apelidamos de Amigos.

Ceiça Schettini

EU QUERO SER ALGUÉM AQUI

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Não conheço Nizan Guanaes pessoalnente, mas sou baiana e Gomes como ele. Moramos em Salvador por muitos anos e na mesma época. Acompanhei o início de sua carreira na nossa cidade.
Como ele, por vezes, também olho lá pra fora com os olhos compridos… O apelo para ir embora é forte. O mundo é grande e há tantos lugares onde os cidadãos são respeitados como tal… O que vejo, quando olho aqui pra dentro, entretanto, são as minhas raízes, a minha história, a língua na qual amo escrever diariamente e meus pais, minhas irmãs, a maior parte da minha família. É muita coisa significativa pra deixar pra trás.
Com a alma dividida entre resistir e desistir, rezo para que esse longo, escuro e tenebroso inverno brasileiro não seja tão longo assim, já que escuro e tenebroso já está sendo. Que venha novamente a alegria de ver negócios florescendo no meu Brasil e o calor humano das pessoas de bem nos tire a todos desse pântano político e econômico, no qual nos encontramos agora.
Eu amo o Brasil! Quero voltar a ter orgulho da terra onde nasci e ser otimista quanto ao futuro, que nos espera. Quero viajar muito e rodar o mundo inteiro, falando dos benefícios de ser brasileira, sem medo de andar nas ruas, lá fora e, principalmente, aqui.
Que Deus, cujo RG diz ser brasileiro, proteja todos os seus filhos, os que insistiram em ficar e os que foram colher suas flores em outros jardins. Como filhos de Deus, nós também merecemos ser muito felizes.
Ceiça Schettini

AOS AMIGOS, QUE FIZ E FAREI AO LONGO DA VIDA

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Todos querem ter um bom amigo, mas nem todos sabem sê-lo.

Todo mundo quer um amigo com o qual possa incondicionalmente contar, que ame suas qualidades e seja totalmente cego aos seus defeitos. Um amigo, que ria das nossas piadas sem graça, mas que não encha o saco e não nos chame atenção, quando saiamos do caminho, no qual deveríamos estar. Um adorável amigo, que esteja conosco nas horas boas e, principalmente nas horas más, mas não nos cobre absolutamente nada.

Devo lhe dizer, porém, que amizade verdadeira, daquela das boas de verdade, é como uma movimentada avenida de mão dupla, pela qual trafegam afetos, indo e vindo sem parar. Então, não se pode ter bons amigos sem ser um bom amigo também, pois o trânsito do afeto tem que fluir, lembra?

Pra ser um bom amigo há de se ter uma enorme dose de empatia, o poder de se colocar no lugar do outro, para saber a hora certa de falar e de calar, de se aproximar e se afastar, de falar duro e de afrouxar as amarras, de se fazer presente mesmo estando distante e de se distanciar mesmo estando do lado… Tem que saber fazer leitura labial e decifragem de olhar, mesmo no escuro. Amigo, que é amigo, a gente conta e ajuda, sem precisar de relários complexos nem de gráficos pra explicar o porquê.

Bem, você já deve ter percebido que não é tarefa assim tão fácil exercer papel de tamanha envergadura. Por isso, o tempo inteiro, um amigo tem que se fortalecer com o afeto do outro pra continuar alimentando bem a amizade. A recompensa de tamanho esforço é tão significativa, entretanto, que cada vez que nos lembramos de um bom amigo o nosso coração se enche de alegria, como se nada mais houvesse além disso, entre o céu e a terra.

E só pra deixar tudo muito bem esclarecido: Não existem boas amizades e más amizades. Amigo é bênção e bênção é coisa boa, presente de Deus. Se é amigo é porque só deseja o nosso bem. Se não for assim, não é nosso amigo. Simples assim.

Ceiça Schettini

SOBRE O PRAZER DE HOSPEDAR

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A minha filha me ligou pra saber como foi a minha viagem e primeira frase que disse foi: “A casa tá tão vazia… Parece até que a mesa ficou solta no meio da sala!”. Por três semanas, a casa dela esteve mais cheia e barulhenta por causa dos hóspedes, que recebeu e, literalmente da noite pro dia, veio todo mundo embora.

Há quem diga que há duas alegrias ao receber hóspedes: Uma quando eles chegam e outra quando vão embora. Eu, entretanto, enxergo um pouco diferente. Como só convido para a minha casa quem eu verdadeiramente gosto, pois acho que hospedar pressupõe partilhar a intimidade, sempre que recebo hóspedes fico muito feliz!

É certo que hospedar muda a rotina da casa, eventualmente aumenta as despesas, muda as coisas de lugar, nos deixa um pouco mais cansados, mas quanta alegria isso dá! Na verdade, o hóspede nos traz novos ares, colore a nossa casa de forma diferente, faz a gente pensar e ir a lugares, que há muito não vamos, olhar nosso bairro com outros olhos. Há um exercício de agradar quando recebemos, damos ao hóspede o melhor copo, a melhor toalha, o melhor de nós.

E quando eles vão se embora e pensávamos que daríamos graças a Deus por retomar a nossa rotina, pôr as pernas pra cima e reaver o nosso espaço, estranhamente, olhamos tudo à nossa volta e vemos que, no lugar das malas espalhadas, ficou apenas saudade.

Ceiça Schettini

MENOS FUTILIDADE E MAIS SOLIDARIEDADE, POR FAVOR!

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A palavra DALIT é usada na cultura hindu para definir o grupo de pessoas, não incluídas na divisão de castas, sendo então consideradas “a poeira sob os pés”, impuras e intocáveis. Por isso, não podem ser tocados por pessoas de outras castas, nem sequer pisar na sombra de alguma delas, sendo-lhes destinadas as tarefas mais desprezíveis. Ouvindo assim, tudo isso parece muito distante de nós, afinal a Declaração de Direitos Universais do Homem foi adotada pelas Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 e, composta de trinta artigos, ela é a carta de direitos do homem mais universal, que existe. Muitos de nós não conseguem sequer se imaginar colocados à margem da sociedade, na qual estão inseridos, sendo tratados como Dalits. O que dizer então de ser obrigado a vestir essa ou aquela cor para ser discriminado dos demais, ao circular em um ambiente, dito social?

Pois bem, isso acontece ainda hoje e muito mais próximo do que podemos supor. Um famoso clube onde circulam pessoas de bom poder aquisito da maior cidade do Brasil tem causado barulho na mídia por exigir que os empregados de seus sócios vistam-se obrigatoriamente de branco para poderem adentrar e circular nas suas dependências. Num mundo tão carente de amor, solidariedade e mobilização social, fico aqui pensando, entretanto, qual a finalidade de tudo isso. Seria para destacá-los dos demais, ressaltando a sua condição de dalit? Seria para proteger os sócios do incômodo de se socializarem com pessoas de uma casta inferior? Ou ainda para deixar claro que naquele local funciona um apartheid social, submetendo à humilhação as “pessoas vestidas de branco”?

Infelizmente, o clube é só um mero exemplo. Muitos outros poderiam ser aqui citados. O importante, porém, é que algumas reflexões se tornam necessárias e urgentes: Que tipo de sociedade desejamos estabelecer com esse tipo de comportamento pretensamente social? Que valores estamos transmitindo aos nossos filhos com as nossas ações? É preciso ter um mínimo de empatia e se colocar no lugar do outro, quando criamos regras, senhores, afinal, elas são criadas para melhorar o convívio social e não para deteriorá-lo. É preciso despertar para o fato de que, em pleno século XXI, o mundo não precisa de mais pessoas, que valham pelo que aparentam ter e sim das pessoas, que valham pelo que efetivamente são. Seria muito bom concluir que o mundo não precisa de pessoas intocáveis e sim de mais pessoas, que toquem positiva e sinceramente o coração das outras. Então, pra finalizar: Menos futilidade e mais solidariedade, por favor!

Ceiça Schettini

UM AMOR, QUE NÃO CABE NO CALENDÁRIO

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Eu não te amo porque é Dia dos Namorados.

Apesar de sermos namorados há mais de vinte e seis anos, não é essa data que me fará lhe dizer juras eternas de amor, pois não acredito que uma data pura e simples possa ativar tão nobres sentimentos. Acho até que amar no Dia dos Namorados é relativamente fácil. Há toda uma atmosfera preparada para isso: Mensagens românticas pipocam nas redes, músicas românticas tocam nas lojas e restaurantes, montados para jantares à luz de velas, floristas brotam nas ruas, oferecendo ramalhetes aos casais apaixonados… Love is in the air!

Mas amar, amar mesmo, de verdade, de forma mais duradoura, a gente só consegue no mortal e comum cotidiano, na xícara de café quentinho preparada, depois de um cansativo dia de trabalho, no cafuné feito na cama assistindo tv, na química que rola, mesmo sem você estar vestido um traje sexy… Amar de verdade requer muito mais que atmosfera e cenários de filmes. Requer convívio diário, contato de pele, troca de idéias e eventuais discordâncias, exercícios contínuos de paciência e flexibilidade, uma boa dose de admiração e respeito mútuo, resolução de problemas, compartilhamento de sonhos e muitas outras coisas mais, além de corações acelerados e mãos suando frio.

Segundo a minha sábia mãe, um casal só consegue saber se um ama o outro de verdade, depois dos dois terem comido pelo menos uma saca de sal juntos e isso, definitivamente, leva tempo. Muitas sacas de sal depois, posso então afirmar com absoluta certeza que o nosso amor é muito grande para ser demonstrado num único dia do calendário. Já passamos dessa fase inicial do jogo. Sigamos pois demonstrando, no dia a dia, o quanto somos importantes um para o outro. Este sim é um amor digno de cinema!

Ceiça Schettini

E QUE VENHA O AMOR E INVADA TODOS OS ESPAÇOS!

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Não há modelo de amor que valha para todos.

Cada um é um e, assim sendo, único nos seus gostos, desgostos, preferências, manias, loucuras e devaneios. Então, o que serve pra um nunca servirá para todos. Uns haverão de gostar do preto, enquanto outros dos vários tons de azuis e haverá os quais a que só lhes apraz a mistura das cores. Em meio a milhões de tímidos, atirados, low profiles, medrosos, corajosos, tristes, felizes, bipolares, extrovertidos e outra infinidade de adjetivos, sempre haverá os apaixonados!

Apaixonados pelos que lhes são semelhantes ou pelos que têm justamente aquilo, que lhes falta… Uns buscando complementar, outros buscando ser completados. Milhões de panelas sem tampa, alegres por serem frigideiras, apesar da pressão da sociedade por realizarem um só tipo de amor parecido com os demais.

Vale lembrar, entretanto, que diante de tamanha complexidade, não há um só tipo que amor de tamanho único e padrão unissex, que sirva e agrade a todos. E é justamente aí que está a beleza do amor: Na capacidade de unir os mais variados tipos de pessoas, nas mais variadas situações!

Afinal, o que seria do amor se não tivesse essa capacidade de estender seus braços e acolher a todos, que queiram abraçá-lo? Então, que sejamos todos livres para exercitar o amor, nas suas mais variadas formas! Deixemos que ele tome as rédeas e nos conduza por caminhos melhores do que os que viemos traçando até aqui. Amor não só pelos nossos pares ou nossos filhos e familiares, amor pela vida, por nós mesmos e, principalmente, pelos outros, que, a princípio, não amaríamos, por nossa pura falta de disponibilidade para tal.

Ceiça Schettini

PODEROSA CONEXÃO

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A vida de todo mundo tem muitos desafios a serem vencidos.

Ao longo da caminhada, vários obstáculos terão que ser saltados ou removidos da estrada, pois é imperativo continuar caminhando para quem está vivo. Por vezes, diante do desconhecido, somos acometidos por pequenas ou enormes inseguranças, decorrentes do medo. Calma! Faz parte da natureza humana…

Importante nessas horas é manter a alma o mais tranquila possível e sintonizar o coração em Deus, porque, quando tudo parece dar errado, é preciso confiar no poder de Alguém, que é muito maior que nós, acreditar que nenhum problema durará para sempre e ter fé para seguir adiante.

Como não sou dada a amizades por interesse, entretanto, pratico a aproximação com Deus diariamente. Agradeço por cada bênção, que recebo e mantenho o wi-fi dessa conexão sempre ativado. Assim, quando me vejo diante de obstáculos mais difíceis de transpor, falo com Deus na condição de um amigo muito íntimo, não tenho vergonha de rezar e pedir ajuda. Acredite: Essa conexão é poderosa!

Ceiça Schettini

COISA MAIS LINDA É O AMOR!

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Coisa mais linda é o amor! Adoro ficar olhando os dois sem que eles me vejam observar…
Conversam animadamente, falando dos mais diversos assuntos, prestam efetiva atenção um no outro, se olham nos olhos, enquanto dão risada ou falam coisas sérias. Logo de manhãzinha, transitam pela casa meio atrapalhados, esbarrando-se no corredor, tomam café juntinhos e saem correndo pra não se atrasar. Se conhecem pelo olhar. Um sabe quando o outro está tenso ou chateado. Trocam muitos beijos e abraços ao longo do dia, quando as atividades de ambos assim lhes permitem. No fundo no fundo sentem admiração um pelo outro e sabem muito bem demonstrar isso com afeto, seja numa esfiha quentinha, trazida do trabalho ou num beijo de boa noite.
É igualmente amoroso com a outra, que mora em outra casa. Preocupa-se constantemente com o seu bem estar e a sua felicidade. Bem verdade, que, por força da distância física, não a abraça e beija tanto quanto gostaria, mas isso não muda em uma vírgula o seu amor.
Todos os dias, antes de dormir, peço a Deus que abençoe esse triângulo amoroso, que comigo forma um quadrado, melhor dizendo, um círculo de amor. Digo melhor círculo, porque círculo é uma figura que não tem começo nem fim, um cinturão, que circunda e protege tudo aquilo, que está dentro dele, assim como é o amor, que sentimos uns pelos outros. Peço a Deus e, principalmente, agradeço a Ele pela família que tenho, pois coisa linda de se ver é o amor entre esse pai e as suas duas filhas! Ver tudo isso de perto e sentir os reflexos desse amor é mesmo uma bênção, tal como acordar todos os dias e poder sentir a luz e o calor do Sol, aquecendo o coração.
Ceiça Schettini

O AMOR DEPOIS DA TEMPESTADE

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Olho pra você e vejo o passar dos anos nos fios grisalhos da sua barba. Parece que foi ontem, que conheci você com muito mais cabelos pretos. Lembro nitidamente das primeiras palavras, que trocamos e o quanto achei o seu olhar marcante enquanto falava comigo.

Meses depois, lembro do dia que, pela primeira vez, constatei que havia algo a mais rolando no ar, depois daquela tempestade, que nos deixou ilhados num bar com outros colegas, enquanto a cidade literalmente se desmanchava por causa da chuva. Acreditei em você quando, batendo as mãos nos bolsos, disse ter perdido a chave do carro, no qual iria me levar pra casa de carona. Já no caminho, em meio a dezenas de ruas alagadas e com árvores caídas, me senti tranquila por tê-lo ao volante. Parecia que ali estaria salva de qualquer transtorno. Meses depois, acabou por confessar: “Perdeu” as chaves somente pra que todos fossem embora, dando distância do seu carro e pudéssemos voltar conversando a sós. Lembro muito bem do beijo que tentou roubar na despedida e de quanto aquilo disparou meu coração, que até então estava temporariamente adormecido. Até que aquele beijo viesse finalmente a se concretizar, muitos dias se passariam…

De lá pra cá, namoramos, casamos, formamos uma família, viajamos para muitos lugares, mudamos de cidade e de empregos, muitas coisas aconteceram e muitas pessoas passaram por nós. Olhando pra você agora, tantos anos passados, tenho, entretanto, exatamente a mesma sensação de confiança e tranquilidade, que tive na noite daquela tempestade: Sei que conto com você para passar com segurança pelos imprevistos, que cruzarem nosso caminho. Gosto de encostar a minha cabeça no seu peito, relaxar e ter a certeza de que escolhi muito bem o meu companheiro para todas as horas dos meus dias. Certamente, o nome disso é Amor e o sobrenome Admiração.

Ceiça Schettini

NÃO EXISTE CAMINHADA BOA SEM COMPARTILHAR

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Durante a caminhada, temos a oportunidade de conhecer muitos caminhadores. Alguns passam por nós e seguem adiante. Outros, são ultrapassados e ficam para trás do nosso caminho. Muitos percorrem o caminho junto conosco, durante um bom tempo e, depois, seduzidos por outros caminhos, deixam de andar em paralelo.
Quando, entretanto, a afinidade, que nos une a esse ou a aquele caminhante é baseada no afeto genuíno, não faz nenhuma diferença, que tenhamos escolhido caminhos diferentes ou quanto tempo passemos sem cruzar nossos olhares, pois há um laço invisível e poderoso, que nos une, como num campo magnético.
Vivo assim no meu caminho, tentando me conectar ao maior número de pessoas possível e com elas estabelecer relacionamentos, que nos agreguem real valor. Como afinidade não depende de um só, nem sempre é fácil, nem sempre é possível, mas eu jamais desisto, porque, pra mim, a caminhada só vale à pena se povoada de relacionamentos pra compartilhar os prazeres, as descobertas e as lições aprendidas durante o percurso.
Ceiça Schettini

EU NÃO ESCREVO AUTOAJUDA, ESCREVO ALTO ASTRAL

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Noutro dia, me perguntaram como classifico meu livro. Logo eu, que não aprecio muito manter as coisas e pessoas aprisionadas em rótulos, me vejo agora na necessidade de definir uma classificação para o que escrevo… Talvez, seja melhor falar um pouco sobre como vejo o mundo para clarear um pouco essa curiosidade das pessoas e contextualizar o livro.

Pois bem… Eu adoro gente, gosto de pessoas, independente de idade, sexo, religião, raça, idioma ou credo. Gosto de conhecê-las individualmente, aos montes, aos poucos, em profundidade ou superficialmente, como melhor permitir a situação. E tento aproveitar todas as ocasiões de fazê-lo. Aí, uma coisa chama a outra: Não tem como gostar de gente, sem gostar de emoções! Então, gosto de viver intensamente e de observar atentamente o desenrolar de emoções à minha volta, seja de lupa ou lente zoom.

Sou baiana, alegre e faladeira, escrevo desde muito cedo e, mais uma vez, como uma coisa puxa outra, acabei descobrindo na escrita um jeito de me comunicar com muitas outras pessoas, expressando as minhas emoções e as minhas impressões sobre o cotidiano à minha volta. Como escrevo sobre emoções comuns a qualquer pessoa, tipo alegria, bom humor, amizade, espiritualidade, inveja, saudade, tristeza e outras tantas mais, acabei estabelecendo uma deliciosa relação com muitas pessoas, muitas delas, que sequer me conhecem pessoalmente. Aí veio a clássica pergunta: “O que você escreve é autoajuda?”

NÃO! Eu NÃO escrevo autoajuda. O que eu escrevo é ALTO ASTRAL! Não sou psicóloga, sou uma atenta e, talvez, um pouco mais sensível observadora do cotidiano. Não acredito que muletas emocionais salvem pessoas. Acredito sim que o que faz a gente mudar a nossa postura diante da vida é a escolha diária de ser feliz, por isso defendo que todos têm que buscar sempre o alto astral, sua felicidade, pessoal e intransferível, suas próprias realizações.

Se os meus escritos, de alguma forma, fizerem com que as pessoas pensem nisso e adicionem mais energia e bom humor às suas vidas, já valeu demais terem sido escritos e compartilhados. Simples assim.

Ceiça Schettini

BATI NA PORTA DO SEU CORAÇÃO E PEDI PRA ENTRAR

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Minha mãe gosta sempre de dizer que “Coração alheio é terra em que não se anda…”. Sob o seu sábio olhar, ninguém consegue penetrar no coração do outro de forma a decifrá-lo por completo.

Quando me relaciono com as pessoas à minha volta, ciente desse ensinamento, piso de mansinho, bato gentilmente na porta e peço licença para entrar. Faço isso, na maioria das vezes, com um sorriso franco e real desejo de ser aceita com todas as malas, que carrego, repletas de vivências, sentimentos, meus olhares sobre o mundo e desejo de trocar.

Por poucas vezes, não consegui entrar, pois, como era de se esperar, as pessoas são diferentes entre si e algumas não abrem as portas de seus corações a outras que queiram, a seu ver, tomá-los de assalto. Em algumas outras, cheguei bem perto da porta, mas conclui que não queria passar da soleira, pois o que me aguardava talvez não fosse tão bom de ser compartilhado comigo, posto que tenho um defeito: gosto de entrar em casas de corações luminosos, não me atraem espíritos sombrios, sentimentos escondidos por detrás de cortinas escuras, com corredores cheios de tapetes, que são puxados dos nossos pés enquanto pisamos. Dessas casas, prefiro salutar distância.

Na maioria das vezes, graças a Deus, tenho tido a sorte de pedir para entrar e ser recebida de braços abertos e abraços calorosos! Parece que o falar de forma simples sobre coisas do coração me deu um certo passe livre para ser recebida em várias salas luminosas e me sentar nos seus sofás fofinhos, onde converso alegremente com os donos da casa, mesmo sem nem antes conhecê-los melhor, como mandaria a boa etiqueta.

Revisitando a frase, que, durante toda a minha vida, ouvi da minha mãe, acho que coração alheio é de verdade terra, em que não se anda, desde que o outro não queira, pois, quando quer, abre a porteira, joga fora a trava e puxa a gente pra dentro, fazendo a gente se sentir na própria terra, na própria casa, no próprio coração.

Ceiça Schettini

A PRIMEIRA CASA A GENTE NUNCA ESQUECE

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Não precisei comprar móveis pra morar ali. Apenas, entrei e me instalei. O espaço era amplo, porém escuro e havia muitos sons o tempo inteiro.
Nunca me cobraram um só aluguel e, durante todo o tempo que morei lá, recebi alimentos da dona da casa, que muito preocupada, selecionava o que eu podia comer pra me fazer bem. Acho que o conceito de spa foi inspirado nela: Conforto, relaxamento e alimentação de qualidade o tempo inteiro. Foram meses de muita mordomia!
Com o passar do tempo, porém, o espaço foi ficando pequeno. Passei a incomodar a dona da casa, que já não via a hora de eu cair fora dali. Saí daquele lugar seguro, literalmente puxada a ferro. Estava tão bom que queria ficar mais tempo, mas não teve mesmo jeito: Tive que nascer.
Fui recebida na porta por um senhor de branco, que nem me conhecia, mas me deu uma solene palmada de boas vindas. Como assim? É claro que chorei! E minha mãe também! Mas isso só reforçou nossos laços. Então, toda vez que o bicho pega aqui fora e, na total impossibilidade de voltar para aquele lugar mais que seguro, fecho os olhos e penso no tempo em que deitar no colo de minha mãe ou simplesmente abraçá-la me remetia à maravilhosa idéia de que estaria blindada de todos os males do mundo.
Agora, estando tão próximo de mais um Dia das Mães, só tenho a agradecer a Deus pela mãe, que tenho e pela bênção, que recebi de poder também ter sido a primeira casa de outras duas pessoas. E tal qual a minha mãe, tento demonstrar às minhas filhas com atitudes e palavras que estarei sempre com meus braços e coração disponíveis para ser o seu porto seguro, tentando blindá-las dos males do mundo com o meu poderoso amor de mãe.
Ceiça Schettini