BATI NA PORTA DO SEU CORAÇÃO E PEDI PRA ENTRAR

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Minha mãe gosta sempre de dizer que “Coração alheio é terra em que não se anda…”. Sob o seu sábio olhar, ninguém consegue penetrar no coração do outro de forma a decifrá-lo por completo.

Quando me relaciono com as pessoas à minha volta, ciente desse ensinamento, piso de mansinho, bato gentilmente na porta e peço licença para entrar. Faço isso, na maioria das vezes, com um sorriso franco e real desejo de ser aceita com todas as malas, que carrego, repletas de vivências, sentimentos, meus olhares sobre o mundo e desejo de trocar.

Por poucas vezes, não consegui entrar, pois, como era de se esperar, as pessoas são diferentes entre si e algumas não abrem as portas de seus corações a outras que queiram, a seu ver, tomá-los de assalto. Em algumas outras, cheguei bem perto da porta, mas conclui que não queria passar da soleira, pois o que me aguardava talvez não fosse tão bom de ser compartilhado comigo, posto que tenho um defeito: gosto de entrar em casas de corações luminosos, não me atraem espíritos sombrios, sentimentos escondidos por detrás de cortinas escuras, com corredores cheios de tapetes, que são puxados dos nossos pés enquanto pisamos. Dessas casas, prefiro salutar distância.

Na maioria das vezes, graças a Deus, tenho tido a sorte de pedir para entrar e ser recebida de braços abertos e abraços calorosos! Parece que o falar de forma simples sobre coisas do coração me deu um certo passe livre para ser recebida em várias salas luminosas e me sentar nos seus sofás fofinhos, onde converso alegremente com os donos da casa, mesmo sem nem antes conhecê-los melhor, como mandaria a boa etiqueta.

Revisitando a frase, que, durante toda a minha vida, ouvi da minha mãe, acho que coração alheio é de verdade terra, em que não se anda, desde que o outro não queira, pois, quando quer, abre a porteira, joga fora a trava e puxa a gente pra dentro, fazendo a gente se sentir na própria terra, na própria casa, no próprio coração.

Ceiça Schettini

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