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MENOS FUTILIDADE E MAIS SOLIDARIEDADE, POR FAVOR!

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A palavra DALIT é usada na cultura hindu para definir o grupo de pessoas, não incluídas na divisão de castas, sendo então consideradas “a poeira sob os pés”, impuras e intocáveis. Por isso, não podem ser tocados por pessoas de outras castas, nem sequer pisar na sombra de alguma delas, sendo-lhes destinadas as tarefas mais desprezíveis. Ouvindo assim, tudo isso parece muito distante de nós, afinal a Declaração de Direitos Universais do Homem foi adotada pelas Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 e, composta de trinta artigos, ela é a carta de direitos do homem mais universal, que existe. Muitos de nós não conseguem sequer se imaginar colocados à margem da sociedade, na qual estão inseridos, sendo tratados como Dalits. O que dizer então de ser obrigado a vestir essa ou aquela cor para ser discriminado dos demais, ao circular em um ambiente, dito social?

Pois bem, isso acontece ainda hoje e muito mais próximo do que podemos supor. Um famoso clube onde circulam pessoas de bom poder aquisito da maior cidade do Brasil tem causado barulho na mídia por exigir que os empregados de seus sócios vistam-se obrigatoriamente de branco para poderem adentrar e circular nas suas dependências. Num mundo tão carente de amor, solidariedade e mobilização social, fico aqui pensando, entretanto, qual a finalidade de tudo isso. Seria para destacá-los dos demais, ressaltando a sua condição de dalit? Seria para proteger os sócios do incômodo de se socializarem com pessoas de uma casta inferior? Ou ainda para deixar claro que naquele local funciona um apartheid social, submetendo à humilhação as “pessoas vestidas de branco”?

Infelizmente, o clube é só um mero exemplo. Muitos outros poderiam ser aqui citados. O importante, porém, é que algumas reflexões se tornam necessárias e urgentes: Que tipo de sociedade desejamos estabelecer com esse tipo de comportamento pretensamente social? Que valores estamos transmitindo aos nossos filhos com as nossas ações? É preciso ter um mínimo de empatia e se colocar no lugar do outro, quando criamos regras, senhores, afinal, elas são criadas para melhorar o convívio social e não para deteriorá-lo. É preciso despertar para o fato de que, em pleno século XXI, o mundo não precisa de mais pessoas, que valham pelo que aparentam ter e sim das pessoas, que valham pelo que efetivamente são. Seria muito bom concluir que o mundo não precisa de pessoas intocáveis e sim de mais pessoas, que toquem positiva e sinceramente o coração das outras. Então, pra finalizar: Menos futilidade e mais solidariedade, por favor!

Ceiça Schettini